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Entre as décadas de 1980 e 1990, o Pantanal enfrentou uma ameaça grave: os coureiros. Neste texto, exploraremos quem são os coureiros, os problemas enfrentados contra eles na década de 1980, o papel da Polícia Militar Ambiental e dos produtores rurais na luta contra esses criminosos, bem como as ameaças que os animais enfrentam devido a essa prática diretamente ligada ao tráfico de animais e suas partes.

Coureiros

 

Os coureiros são caçadores conhecidos por sua brutalidade ao caçar principalmente jacarés, com o foco na extração do couro desses animais para venda.

 

No auge de suas atividades, estima-se que os coureiros tenham sido responsáveis pela extração anual de cerca de um milhão de peles de jacarés apenas no Pantanal, segundo Zilca Campos da Embrapa. Suas ações contribuíram para a drástica redução das populações de jacarés na região.

Foto: Instituto Homem Pantaneiro

 

Em meados da década de 1980, a caça ilegal no Pantanal estava no seu auge, e nesta época se tornaram comuns os confrontos entre autoridades e grupos de coureiros, que andavam fortemente armados e preparados para o enfrentamento, tornando o trabalho das autoridades ainda mais desafiador. 

Neste contexto é preciso citarmos a importância da Polícia Militar Ambiental.

 

O Papel da Polícia Militar Ambiental

Peles de jacaré apreendidas no Pantanal. Foto: Acervo pessoal de Angelo Rabelo

 

A Polícia Militar Ambiental (PMA) desempenhou um papel crucial no combate a esses crimes. Agentes do grupamento ambiental trabalharam incansavelmente para reprimir a caça ilegal, apreendendo armas, embarcações e equipamentos usados pelos coureiros. Nos primeiros anos de atuação, contra a prática criminosa resultou em conflitos diretos, que custaram a vida inclusive de policiais.

 

 Porém, o trabalho da PMA com o apoio de diversos proprietários rurais que também atuaram para expulsar os coureiros de suas terras, resultou na diminuição drástica dessa atividade que quase dizimou os jacarés-do-pantanal.

 

Um dos símbolos dessa luta contra os coureiros foi o Coronel Angelo Rabelo, fundador do Instituto Homem Pantaneiro (@ihp_pantanal_), que atuou na linha de frente contra os coureiros e na proteção dos jacarés. Durante um dos confrontos com os criminosos, Rabelo e um colega foram baleados. Rabelo conseguiu sair com vida, mas seu parceiro não teve a mesma sorte.

Foto: Instituto Homem Pantaneiro

 

Além, da fiscalização da Polícia Militar Ambiental contra a caça, a exigência de “certificação” para a aquisição de pele e/ou carne de animais como o jacaré, que passaram a ser reproduzidos em criadouros legalizados, reduziram a demanda e enfraqueceram a caça predatória. 

 

A ameaça continua

 

Embora essa atividade de caça ilegal tenha diminuído significativamente desde a década de 1980, ela ainda existe, assim como outras ameaças que constantemente circundam a fauna pantaneira.

 

Além da caça, a degradação ambiental causada pelo homem, aliada às mudanças climáticas, ainda representam desafios para a sobrevivência dos jacarés e outras espécies da fauna pantaneira como onças-pintadas, ariranhas e araras-azuis.

 

A relação com o tráfico de animais

 

A demanda por couro exótico, como o couro de jacaré, assim como a demanda por animais silvestres para serem criados como pet, ou de suas partes para usos pseudoterapeuticos e medicinais, colocam uma pressão enorme sobre essas espécies, que viram alvos de criminosos.

 

Um triste exemplo de como esta demanda tem afetado a fauna, é o recente aumento na procura de subprodutos de onças-pintadas pelo mercado asiático

 

As onças são caçadas por suas presas, peles, ossos e órgãos genitais, que são usados ​​na medicina tradicional ou como amuletos/joias. As partes de onça são vendidas principalmente na China, como se fossem partes de tigre,  animal originalmente usado nas tradições. Porém, como é cada vez mais difícil encontrar tigres selvagens na Ásia e os clientes querem órgãos de animais selvagens, não de bichos criados em cativeiro, as onças se tornaram o novo alvo desse mercado macabro.

 

Peles e partes de onças apreendidas pela Polícia Federal. Foto: Divulgação PF

 

Nosso papel nessa luta

Os esforços para garantir a proteção da fauna, não só no Pantanal, mas no Brasil todo, são contínuos. Esse processo passa por uma legislação sólida, fiscalização, punição, mas principalmente pela conscientização pública. Essas frentes de atuação necessitam da participação de organizações da sociedade civil, do poder público e do setor privado, juntos!

 

Recentemente lançado, o projeto Sou Amigo da Fauna é uma iniciativa de 4 organizações da sociedade civil (SOS Pantanal, Instituto Libio, Ampara Silvestre e Onçafari) que tem o objetivo de reduzir o número de animais traficados no Brasil.  Este projeto tem como objetivo conscientizar e engajar o público na proteção da fauna, ou seja, é um movimento pela conservação da biodiversidade por meio do combate ao tráfico de espécies silvestres, à caça e à pesca ilegais. 

Clique aqui e entenda o que você pode nos ajudar a fazer nesse cenário.