A fauna silvestre brasileira sofre diversas ameaças que levam a uma redução da biodiversidade. Uma destas ameaças, que afeta grandemente a fauna amazônica, é o tráfico de animais silvestres.
No dia 5 de setembro foi comemorado o Dia da Amazônia, um dos biomas mais ricos em biodiversidade do Brasil e do mundo. Infelizmente, é também um dos biomas que mais sofre ameaças atualmente, inclusive o tráfico de animais silvestres.
A Amazônia brasileira é um dos principais epicentros do tráfico de animais silvestres no mundo. O tráfico de fauna é um crime tão amplo, entrelaçado com outras atividades ilegais, que é até difícil sua mensuração.
O relatório mais recente sobre o tema analisou o tráfico de animais silvestres no Brasil entre 2012 e 2019. Um levantamento feito pela Organização das Nações Unidas (ONU) apontou que, anualmente, cerca de 38 milhões de animais são retirados da natureza para abastecer este mercado ilegal.
A rota do tráfico abrange diversas regiões do país, tendo a região sudeste como o mercado consumidor mais expressivo.
Quantas espécies de fauna existem na Amazônia?
Não existe um consenso entre os cientistas quanto ao número exato de espécies de fauna que habitam a Amazônia, já que elas não foram documentadas totalmente pela Ciência e sempre são registradas novas espécies.
A Amazônia é o bioma com a maior riqueza de espécies da fauna no Brasil. Das espécies já conhecidas pela Ciência, estima-se que 73% das espécies de mamíferos e 80% de espécies de aves existentes em todo o país estejam na Amazônia.
Pelo menos 311 espécies de mamíferos, 1.300 espécies de aves, 350 espécies de répteis, 163 espécies de anfíbios e 1800 peixes continentais habitam o bioma amazônico. De acordo com o ICMBio, 10% de todas as espécies de primatas do mundo estão presentes na Amazônia.
Animais silvestres vítimas do tráfico na Amazônia
Durante o período analisado neste estudo, as espécies amazônicas mais visadas pelos contrabandistas são tartarugas, como a tartaruga-de-cabeça-grande-do-Amazonas (Peltocephalus dumeriliana), peixes ornamentais e para consumo, como o pirarucu (Arapaima gigas), segundo maior peixe de água doce do mundo, nativo da bacia amazônica. O pirarucu também é visado por seu couro e escamas, que abastece o mercado dos países asiáticos e Estados Unidos. Além disso, aves canoras também estão entre as espécies mais traficadas. Entre as apreensões, o maior volume foi de ovos de tartarugas de rios, os quelônios, usados como itens de decoração e consumo da carne.
Pirarucu (Arapaima gigas) é um dos peixes mais traficados na Amazônia – Foto: Cliff/Wikimedia Commons
Dificuldades na fiscalização
A região amazônica possui mais de cinco milhões de quilômetros quadrados, dificultando a ação dos órgãos ambientais responsáveis pela fiscalização, que possuem um quadro de funcionários defasado e contam com pouco investimento.
Regiões, tanto da Amazônia quanto do Pantanal, tornam a fiscalização morosa, por concentrar locais de difícil acesso, sendo necessária uma estrutura bastante articulada para atingir os traficantes.
Outros crimes ambientais que afetam diretamente a fauna da Amazônia
A Amazônia é alvo de diversos outros crimes contra a natureza e frequentemente aparece nos noticiários. Atualmente, os incêndios que atingem a região já somam mais de 5,5 milhões de hectares queimados somente neste ano de 2024. O desmatamento segue acontecendo, mesmo que mostrando taxas menores em comparação a anos anteriores.
O garimpo ilegal é outro problema que destrói o bioma amazônico e ainda segue sem solução.
Seca na Amazônia afeta todo o ciclo hidrológico do país
A Amazônia é crucial para o equilíbrio climático do mundo. Na bacia amazônica concentra-se cerca de 20% de toda a água doce do mundo. Nos últimos anos, a região vem enfrentando secas, que são maximizadas pelas mudanças climáticas.
Os rios que compõem a bacia estão com os volumes abaixo das médias históricas.
Uma combinação de altas temperaturas, chuvas abaixo da média histórica e a seca persistente já trazem consequências para o país todo, que depende desta água para manutenção de seus rios.
Esta falta de água desequilibra todos os ecossistemas, afetando também a fauna silvestre dos diversos biomas brasileiros, que sofrem com a seca.
Desmatamento e queimadas ameaçam a biodiversidade amazônica – Foto: Amazônia Real/Wikimedia Commons
Denuncie o tráfico de animais silvestres
Você, como cidadão, pode ajudar a diminuir a ameaça à fauna silvestre. Denuncie, entrando em contato com a Polícia Militar, por meio dos canais oficiais de seu Estado.
Comunica PF (canal de denúncia à Polícia Federal): Acesse aqui
Linha Verde do Ibama: 0800 618080
