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Você sabia que o tráfico de animais pode provocar a próxima pandemia? Pode soar sensacionalista, mas as zoonoses, doenças infecciosas transmitidas entre animais e humanos, são uma realidade, que vêm se tornando cada vez mais comuns. Neste texto, queremos ressaltar a influência do tráfico de animais silvestres na propagação de doenças entre a população. Convidamos você a ler este blog e refletir como a saúde pública está diretamente ligada ao meio ambiente. 

 

O que são zoonoses?

 

As zoonoses são doenças infecciosas que podem ser transmitidas de animais para humanos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem mais de 200 tipos de zoonoses. Essas doenças podem ser causadas por uma variedade de patógenos, incluindo vírus, bactérias, fungos e parasitas.

 

Quais são as principais doenças zoonóticas?

 

Ebola: Doença viral, transmitida por morcegos, chimpanzés e outros animais selvagens.

 

Sarampo: Acompanha a humanidade há séculos e é causada por um vírus chamado Morbillivirus. Muito contagiosa, acredita-se que tenha surgido da peste bovina.

 

COVID-19: Causado pelo vírus SARS-CoV-2, pode ter se originado em morcegos e sido transmitido para humanos por meio de um hospedeiro intermediário, possivelmente pangolins.

 

As zoonoses podem ser transmitidas por diferentes vias, incluindo o contato direto (mordidas, arranhões ou contato com fluidos corporais), contato indireto (consumo de alimentos contaminados ou contato com superfícies contaminadas) e vetores (picadas de insetos como mosquitos e pulgas). 

 

Por que precisamos falar sobre as zoonoses? 

 

As zoonoses representam uma ameaça significativa à saúde global. Estima-se que 60% das doenças infecciosas humanas tenham origem animal, e pelo menos 75% das doenças infecciosas emergentes em humanos são zoonóticas, de acordo com dados do Ministério da Saúde.  A propagação dessas doenças pode levar a pandemias, provocando sérias consequências à saúde pública e à economia.

 

Dada a gravidade desse assunto, é importante perguntar: existe um responsável? Essa é uma reflexão necessária para que os animais não sejam culpados por esse problema. Muitos deles são mortos injustamente por pessoas que os responsabilizam pela propagação de determinadas doenças. Um exemplo disso são  os inúmeros  casos de violência contra primatas registrados durante o surto de  febre amarela no Brasil. 

Entenda a problemática do tráfico

 

Os animais não são os culpados pelas zoonoses; na verdade, eles são vítimas das circunstâncias geradas pelas atividades humanas. 

 

Na Ásia e África, por exemplo, o comércio ilegal de pangolins, morcegos e primatas em mercados de rua e feiras é uma grande preocupação. Esses animais são frequentemente consumidos como “iguarias” ou usados na medicina tradicional, o que aumenta significativamente o risco de transmissão de doenças zoonóticas.

 

Na América Latina, o tráfico de animais enfrenta desafios semelhantes ao da Ásia e África, principalmente no comércio de aves exóticas, répteis e mamíferos. O desmatamento e a perda de habitat agravam o problema, forçando os animais a se deslocarem de seus ambientes, migrarem para áreas urbanas, entrando em contato com os seres humanos.

 

Infelizmente, o tráfico de animais silvestres é uma atividade muito  presente , e mesmo sendo ilegal, as pessoas buscam o lucro em atividades de captura, transporte e venda de animais vivos e seus produtos derivados. 

 

Clique aqui e confira mais informações sobre o cenário do tráfico de animais. 

 

O Relatório Mundial sobre Crimes de Vida Selvagem de 2024 afirma que “A participação dos tipos de commodities com base no número de registros de apreensões também mudou entre 2015 e 2021. A participação das apreensões de espécimes vivos aumentou durante o mesmo período, o que talvez possa refletir restrições aumentadas ao movimento de animais vivos após a pandemia de COVID-19 e preocupações com a disseminação de doenças zoonóticas.” Confira alguns animais e plantas presentes no Relatório: 

 

Fonte: Relatório Mundial sobre Crimes de Vida Selvagem de 2024

 

A questão é: o ser humano e suas ações são os grandes culpados e precisamos admitir essa culpa. A expansão de áreas urbanas e agropecuárias, o desmatamento, a destruição de ecossistemas, e, claro, o comércio ilegal de animais silvestres, promovem  condições propícias para a transmissão de patógenos. Dessa forma, precisamos entender que a saúde do meio ambiente e da fauna silvestre estão conectadas à nossa saúde e que este conceito de “saúde única” precisa ser norteador para a um planeta Terra mais sustentável.

 

As condições precárias de mercados ilegais, as quais os animais silvestres são sujeitos, pioram a situação. Superlotação, falta de higiene, mantimentos básicos e contato com fluidos corporais são características comuns desses espaços, fazendo com que o bem-estar e a saúde dos animais sejam negativamente impactados, comprometendo a imunidade e aumentando o risco de surtos de doenças zoonóticas.

 

Um exemplo disso é a COVID-19, cuja origem é atribuída ao mercado de animais vivos em Wuhan, China, onde se acredita que o SARS-CoV-2 tenha sido transmitido para humanos. 

 

COVID-19

 

De acordo com o Relatório Mundial sobre Crimes de Vida Selvagem de 2024, os crimes contra a vida selvagem ganharam destaque especial devido às alegações de que o comércio de animais selvagens pode ter contribuído  para o surgimento da COVID-19. 

 

Embora haja incerteza sobre essa teoria, a preocupação evidenciou questões mais amplas, sugerindo que o comércio e o tráfico de vida selvagem podem favorecer a disseminação de doenças zoonóticas.

 

Ainda sobre a COVID-19, embora o hospedeiro ainda não tenha sido confirmado, morcegos e pangolins são considerados os prováveis reservatórios e intermediários, respectivamente. A transmissão pode ter acontecido por meio do contato direto ou indireto com esses animais em mercados de animais vivos.

 

O impacto dessa pandemia é um caso recente e marcante para a saúde de todo o planeta. Desde o surgimento dos primeiros casos em dezembro de 2019, estima-se que cerca de 20 milhões de pessoas vieram a óbito e quase 800 milhões foram oficialmente contaminadas. Quem vivenciou este momento, lembra como as medidas de quarentena e isolamento social foram implementadas globalmente para conter a propagação do vírus e quão severo foi aquele período.

 

A pandemia destacou a necessidade urgente de reforçar a vigilância de doenças zoonóticas e controlar o comércio ilegal de animais silvestres. As ações de prevenção e resposta devem ser diversas, integrando esforços de saúde pública, conservação ambiental e controle do tráfico de animais.

 

Há solução? Entenda sobre a prevenção e controle

 

Antes de qualquer coisa, é necessário definir estratégias de prevenção.

 

A educação, por exemplo, pode ser uma resposta para este problema, ao promover campanhas de conscientização sobre os riscos e impactos da manutenção de animais silvestres como pets, da gravidade da disseminação de zoonoses, além do ensino de práticas seguras de manejo de animais. 

 

Também é necessário reforçar a fiscalização e leis vigentes, investir no treinamento e preparo de profissionais que atuam em locais mais propensos ao transporte e tráfico, como aeroportos e estradas, além do monitoramento da saúde dos animais para detectar precocemente surtos zoonóticos.

 

Existem também iniciativas globais como a Declaração de Lima para o Combate ao Comércio Ilegal da Vida Silvestre: um compromisso regional para combater o comércio ilegal de animais silvestres, assinado por 20 países. Há também a Aliança pela Fauna Silvestre e pelas Florestas: uma iniciativa financiada pela União Europeia para fortalecer a capacidade de autoridades e sociedade civil no combate ao tráfico de animais silvestres na América do Sul. Clique aqui e conheça. 

 

E claro, o Projeto Sou Amigo da Fauna, que desenvolve atividades escolares, ministra palestras e cursos de capacitação para universidades e empresas, promovendo o conhecimento sobre a importância da conservação da fauna silvestre, sensibilizando jovens e adultos, fornecendo ferramentas necessárias para que estudantes e profissionais possam atuar de maneira eficaz na luta contra o tráfico de animais. 

 

Entre em contato conosco por meio do e-mail contato@souamigodafauna.com.br

 

Seja um Amigo da Fauna e vamos juntos no combate ao tráfico de animais!